Nada de novo no front

Por: Ignez Ferraz

Esse é o título do ótimo filme de guerra de 2022 que abocanhou inúmeros importantes prêmios, incluindo Oscars e Baftas. Devemos ficar atentos às artes – cinematográficas, digitais, literárias, plásticas, inclusive moda, design e arquitetura, pois estão todas interligadas e refletem anseios e desejos da sociedade global.

É claro que a moda caminha muito mais rápida do que a arquitetura, pois é menos perene e mais comercial. O mesmo acontece com os interiores e design de mobiliário. Não podemos trocar tudo a cada estação, mas, para quem gosta de estar sempre renovando, mudar os móveis de posição, incluir novas almofadas, trocar a cor de paredes ou algum tecido de estofado pode modificar o espaço. É o famoso “mix and match”!

Mobiliário orgânico ainda predominante, mas deve haver um mix com os móveis retilíneos. Espelhos de formas curvas irregulares, com dimensões oversize também estão em voga, porque podem fazer magia em qualquer ambiente, tornando-o mais profundo e largo. O vintage também se mantém – tanto o mid-century modern quanto o déco.

Esses movimentos não são apenas esteticamente atemporais, mas nos contam uma história de simplicidade e inovação. As lamparinas feitas à mão wabi-sabi voltaram à tona, principalmente as de Noguchi dos anos 50. A novidade são as pitadas do séc. XIX – era vitoriana – devido ao sucesso da série “A Idade Dourada”, embora se passe em NY.

Mas o uso deve ser uma releitura mais soft – um luxo calmo, entrelaçado ao contemporâneo. Opte por belos lustres de cristal (modernos), almofadas de seda bordadas ou de veludo, algum móvel ou moldura de espelho em dourado envelhecido.

A famosa banheira vitoriana também é um charme, inclusive miniaturas para bebês.

Nos últimos tempos o estilo “Farmhouse” ficou em evidência. Inspirado nas casas de fazenda e campo (e no desejo de escapar para habitá-las), ele é conhecido por sua estética rústica e tranquila.

Agora adquiriu o sobrenome “Chic”, mas continua com a qualidade acolhedora com suas vigas aparentes e, quem sabe, algum móvel original herdado. O “Cottagecore” é bastante similar. A transparência continua em alta nas cortinas, que podem apresentar toques de cor para quebrar a neutralidade do cômodo. Texturas tipo bouclé são muito importantes tanto para estofados, poltronas e tapetes.

Uma forma divertida e atual é apostar na mistura de cores, tecidos e padronagens, criando um visual de frescor. Novos tecidos estão sendo inventados como a seda advinda do eucalipto, mais sustentável.

Entre as padronagens, as listras continuam se impondo, mas evoluem tão rápido quanto a moda.

Casa vazia não é mais um resumo para sofisticação. Agora as pessoas buscam por outros padrões: estantes abertas com livros próprios, assim como obras de arte, ainda que simples fotografias ou pinturas e desenhos autorais de familiares. A proposta é tornar seu lar vívido, usável e divertido. O foco é a funcionalidade com linhas limpas mas não abrindo mão da diversão.

O futuro da decoração é onde a criatividade não bloqueia limites das inovações (tecnológicas e sociais), redefinindo a essência dos espaços de viver.