Prêmio Pritzker 2022

Por: Ignez Ferraz

 

“Não copie o Ocidente, aprenda com suas próprias tradições”, aconselha FRANCIS KERÉ, primeiro africano a receber o importante Prêmio Pritzker de Arquitetura.

“Assembleia Nacional de Benin”: sua estrutura em pilares curvos foi inspirada em uma antiga tradição africana de se reunir sob uma árvore para tomar decisões consensuais no interesse de uma comunidade.

Keré é (re)conhecido por assinar obras que trabalham com a sustentabilidade, material de baixo custo e mão de obra da comunidade local, com a qual busca desenvolver uma forte parceria.

A cobertura do “Serpentine Pavilion” em Londres deixa a luz do sol penetrar, protegendo da chuva. Sua ventilação também foi valorizada. Prêmio mais do que merecido, em consonância com os tempos atuais, suas necessidades e prioridades. Mas, afinal, o que é sustentabilidade, esse tema tão comentado e por todos desejado?

Entende-se por ARQUITETURA SUSTENTÁVEL um conjunto de tecnologias que envolvem diversas especialidades distintas. Ela é uma vertente da ideia expressa em 1987 no Informe Brundtland que prega que deve-se ter a preocupação em preservar o planeta para as gerações futuras, com atitudes sustentadas por um tripé de soluções socialmente justas, ecologicamente corretas e economicamente viáveis.

Esse conceito deve estar presente em todas as etapas de uma edificação, do projeto ao seu uso diário, passando pela construção, que deve utilizar métodos e materiais que não comprometam o meio ambiente.

A residência “Walla Womba” na Austrália (1+2 Architecture) possui sistema de captação de água de chuva, outro para reciclagem de águas servidas, além de painéis fotovoltaicos para garantir a energia. Exemplo de integração ao ecossistema.

O custo da obra é importante neste conceito que pode ainda ser idealizado a partir de componentes reciclados (como contêineres) ou retrofits nas construções já existentes.

“Miami Art Deco District”: com 900 edificações em estilo Art Deco datando de 1930/40, os prédios foram recuperados na década de 70, inclusive com a introdução de cores pastel.

Os primeiros pensadores teóricos desse assunto foram o italiano Andrea Branzi e o americano Victor Papanek.

Na prática, destacaram-se inicialmente os sempre inovadores Shigeru Ban (Japão) e Renzo Piano (Itália), não por coincidência também laureados com o Prêmio Pritzker.

“Haesley Nine Bridges Golf Clubhouse” na Coreia do Sul: a habilidade de Shigeru Ban resultou numa obra caracterizada pela sofisticação estrutural com madeira em grelhas hexagonais – técnicas e materiais pouco convencionais.

No projeto do Centro Cultural Jean-Marie Tijbaou na Nova Caledônia, destacam-se a sensibilidade ao ambiente natural, a capacidade de diálogo social e o respeito cultural. By Renzo Piano.

“A verdadeira universalidade na Arquitetura se realiza através do legado das raízes, a gratidão pelo passado e o respeito pela genealogia”, proclama o arquiteto.

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